sábado, 14 de abril de 2012

"Eu te batizo com o nome de peixe"


“Eu te batizo com o nome de peixe”
(14 de abril de 2012)

       Tudo no Brasil acontece com tal rapidez que o hoje, não é mais hoje, é: anteontem. 
       As coisas se sucedem com tal velocidade que, quando nos damos conta delas, já era. 
       As lembranças do passado, antes vistas como algo para justificar a decrepitude, são agora, as válvulas de escape encontradas para procurar entender o que está acontecendo; Se é que dá para entender. O “saudosismo” entra aqui para mostrar que a pilantragem sempre existiu e que nós, os patetas, sempre a reverenciamos fazendo o sinal da cruz. Porque digo isso? Vou explicar:
       Já lá se vão oitenta anos, o pároco da igreja de uma cidadezinha do interior - acostumado a “visitar” o seu rebanho diariamente, um dia na casa de cada ovelha – ao chegar a Sexta-Feira Santa, chegou de supetão à residência de uma das suas fieis para almoçar. A fiel - que não era tão fiel assim - havia esquecido que a data não era propícia à carne vermelha e havia feito um apetitoso assado. À chegada do padre, constrangida e contrita, a “filha de Maria” não sabia o que dizer para se desculpar e, alegando mil razões, prontificou-se a fazer outro almoço, deixando a apetecível carne assada para o dia seguinte. O padre, condescendente, do alto da sua imaculada postura eclesiástica, não se fez de rogado e disse:

       - Minha filha, não se preocupe, eu resolvo a questão.

       E assim o fez, dirigiu-se à mesa, benzeu o assado e abençoou-o dizendo:

      - Eu te batizo com o nome de peixe.

      Embora não o pareça, esta história é verídica, aconteceu com uma das nossas avós.
      Conto-a aqui para mostrar que, em tempos idos, a malandragem também corria solta; os espertalhões aproveitavam-se da credulidade, da boa fé e da honestidade do “Zé Povinho” para tirar suas vantagens, no entanto, comparadas com as atuais, afiguram-se como “desonestidades inocentes”, se assim as podemos classificar.
      Hoje passados oitenta anos, “Pastores” enriquecem à custa da credulidade alheia; Políticos acima de qualquer suspeita são flagrados em situações espúrias, cometendo delitos que envergonham aqueles que neles confiaram; Pode um País que se diz “moderno”, com pretensão a “quinta potência mundial”, apoiar-se, como ainda o faz, em leis caducas da década de quarenta?; E os defensores dos “direitos humanos”, que hipocritamente só defendem os “diretos dos desumanos”, digo hipocritamente, porque não acredito que esses abnegados defensores dos pobres delinquentes - vítimas da sociedade - se disponham a adotar, por exemplo, um “estuprador”, levando-o para ser reeducado em sua casa, junto da sua mulher e filhas.
      Os desmandos em todas as esferas políticas da Nação chegaram a tal ponto, que o Senador Pedro Simon, pediu da tribuna, a ação efetiva das redes sociais (internet) para agirem em prol da decência política no país. A resposta a esse pedido, se não foi anterior à solicitação do ilustre Senador, serve para demonstrar que o raciocínio do ilustre homem público está correto.
        Eis na íntegra o E-Mail que recebi logo após ver e ouvir a sessão desta sexta-feira do Senado Federal:

Manifesto

       Peço a cada destinatário encaminhar este E-Mail para um mínimo de vinte pessoas da sua lista de endereços e, por sua vez, pedir a cada um deles que faça o mesmo. Em três dias a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem.

Lei de Reforma do Congresso de 2012 (Emenda da Constituição do Brasil)

1. O Congressista receberá salário somente durante o mandato e não terá direito a aposentadoria     diferenciada em decorrência dele.

2. O Congresso passa a contribuir para o INSS. Todo o fundo (passado, presente e futuro) de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS e o Congressista passa a participar dos benefícios dentro do regime, exatamente como todos os brasileiros. O Fundo não poderá ser usado para qualquer outra finalidade.

3. O Congressista deve pagar o seu plano de aposentadoria, do mesmo modo que todos os brasileiros.

4. O Congresso deixa de votar o seu próprio aumento de salário, que será objeto de plebiscito.

5. O Congressista perde o seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde do povo brasileiro.

6. O Congressista esta sujeito às mesmas Leis vigentes para o povo brasileiro.

7. Servir no Congresso é uma HONRA, não uma carreira. Todos os parlamentares terão direito a um mandato e a uma recondução, caso sejam reeleitos, findos os quais, devem voltar a vida de cidadãos comuns.

8. Em todas as instâncias os votos serão obrigatoriamente abertos, permitindo aos eleitores fiscalizar o real desempenho dos Congressistas.

9. Serão permitidos apenas TRÊS partidos políticos, acabando de vez com os conchavos proporcionados pelos partidos nanicos.

10. Político comprovadamente corrupto perderá o direito, para sempre, de continuar na vida pública.

11.Outras sugestões poderão ser juntadas a estas, para demonstrar que não precisamos de quem nos represente, que sabemos o que queremos e o que não queremos, para o bem da nossa Pátria.

    É chegada a hora da mobilização geral para acabar com a impunidade dos corruptos eleitos. Só mobilizados poderemos consertar o Congresso. Se estiver de acordo participe e sugira novas medidas.
       O autor do E-mail, ao pedir que o mesmo seja enviado a outras vinte pessoas, o faz no sentido de não deixar que a ideia se perca no vazio.
       As sugestões são singelas? Sim, sem dúvida, mas é assim que se começa.
       Pense comigo: Existem indivíduos justos e injustos; Honestos e desonestos; Corruptos e incorruptíveis. Não cabe na cabeça de ninguém que se possa encontrar alguém “mais ou menos, justo” e “mais ou menos, honesto” ou “mais ou menos, corrupto”. Do mesmo modo é inconcebível pensar que existam os “mais ou menos patriotas”. Ou se é patriota ou não se é. Assim sendo conclamo, aqueles que são visceralmente brasileiros, que sigam a sugestão do Senador Pedro Simon, e ajam como o amigo que me enviou o citado E-mail para que possamos, no menor espaço de tempo possível, viver em um país que nos orgulhe de aqui havermos nascido.

domingo, 8 de abril de 2012

Manifestem-se os que são do ramo




Sinceramente, um dos campos que eu gostaria de dominar, ou pelo menos, ter a formação necessária para poder abordar e discorrer é o da psicologia e da psicanálise, no entanto, apesar da atração que sinto pela área, sei que não devo me atrever a julgar atitudes e comportamentos que estão além da minha compreensão. Assim, só me resta, fazer constatações, expor atitudes compatíveis e incompatíveis com a minha maneira de pensar e deixar aos profissionais a palavra final sobre o assunto que vou abordar. Sei, por exemplo, que é dado o nome de “complexo de inferioridade”, a sensação de que se é “inferior” - em algum aspecto - a alguém e que esse “sentimento imaginário” geralmente é inconsciente. No geral, o indivíduo que o possui é levado a querer demonstrar “superioridade” através de posturas que acabam por reforçar ainda mais as falsas idéias que habitam o seu subconsciente sobre a importância, a qualidade e o valor que tem - ou julga ter - configurando uma fuga deliberada do que julga ser o seu “status quo”. Acontece que esse “complexo de inferioridade” assume proporções mais preocupantes quando deixa de ser individual para tornar-se coletivo. É o que alguns consideram como “inferioridade cultural”. Esse complexo não nasce do nada, ele se intensifica aos poucos, por meio de insinuações, comparações - pertinentes ou não – e endeusamentos que acabam por levar a objetivos subjetivos que acabam por reforçar, ainda mais, o grau de negativismo, responsável pelo sentimento de inferioridade. Algumas causas podem ser facilmente apontadas, tais como: o costume arraigado de alguns pais, que usam a “comparação” para ensinar aos filhos o que é “certo” e o que é “errado”, atribuindo aos seus uma das duas posturas; Os preconceitos de ordem social relacionada à supremacia “intelectual”, “religiosa”, “racial”, “sexual” e até mesmo “econômica” de um povo sobre os demais; A “necessidade de auto-afirmação”, que procura na aceitação alheia os louros que venham coroar o seu egocêntrico “complexo de superioridade”. Essas idéias me vêm à cabeça quando começo a comparar o que nós, brasileiros, dizemos e fazemos, vejamos: Houve um plebiscito para escolher qual o regime político da nossa preferência. Rejeitamos a “Monarquia”, no entanto, somos REIS em tudo. Rei Momo; Rei da Voz; Rei Pelé; Rei Roberto Carlos; Rei do Baião; As Escolas de Samba são verdadeiras cortes; Império Serrano, Império do Papagaio (que desfilou em Helsinque na Suécia em 2004), Império do Povo (Macapá), Imperatriz Leopoldinense e outras. Não nos contentamos em “ser bons”, somos sempre “Os Maiores”. . . “do Mundo”. Em outros aspectos, a grande maioria se diz orgulhosa de ser “brasileira”, no entanto não respeita o BRASIL. Um dos símbolos mais representativos que temos é o nosso HINO NACIONAL, que dizem ser difícil - por ser muito longo e por ter muitas palavras incompreensíveis - no entanto sabem de cor qualquer letra, de qualquer música, em idiomas que não conhecem e cujo significado desconhecem. O pior, não o respeitam - por gestos e atitudes - quando é apresentado e vejam, não estou me referindo apenas ao povo, mas, também aos que o dirigem. Se fosse obrigatório saber cantá-lo para tomar posse em cargos públicos, do mais simples funcionário ao presidente da República, teríamos vagas sobrando. Analisando esses fatos - que são uma constante entre nós - sem pretender estabelecer quaisquer confrontos ou comparações, mas, apenas citar realizações recentes, chamo à atenção do leitor para que reflita sobre o tema deste artigo. • A Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, sob a direção do Maestro alemão Felix Krieger apresentou, no Teatro “Coliseu”, em Santos, um concerto inteiramente dedicado à música alemã, com obras de Christoph Willibald Gluck, Georg Friederich Handel e Wofgang Amadeus Mozart. As três obras fazem parte do projeto pedagógico-artístico “Música Orquestral Alemã” de estímulo a jovens talentos brasileiros, revelados pelo Conservatório de Tatuí. O Projeto reverencia o compositor e pianista santista José Antonio de Almeida Prado. Seria cômico se não fosse deprimente. Não pensem que vou recriminar o Maestro Felix Krieger, muito pelo contrário, o jovem artista demonstrou exatamente o que lhe competia fazer, apresentar os autores da sua terra, que hoje, devido a outros como ele, são compositores do mundo. Ninguém em sã consciência pode deixar de reconhecer o valor da música e dos músicos alemães, do passado e do presente. Nada a censurar, também, quanto ao fato da Prefeitura de Santos abrir as portas do seu belíssimo Teatro “Coliseu” para acolher os visitantes e oferecer música de qualidade aos seus munícipes. O que causa estranheza é a nota do jornal “A Tribuna” - Evidentemente não culpo o jornal, se a alguém cabe culpa é ao redator - Geralmente o que se vê? Quando se trata de autores brasileiros, economia de letras para poupar espaço; Villa-Lobos; Mignone; Guarnieri; Gnatalli; Santoro, apenas os nomes de família. Aos estrangeiros pelo contrário, só falta agregar títulos e apelidos. Agora, o fato de o repertório fazer parte de um “Projeto Artístico-Pedagógico” direcionado à “Música Orquestral Alemã”, de “Estímulo a jovens talentos brasileiros, revelados pelo Conservatório de Tatuí”, é bastante sintomático. Não seria mais pertinente um projeto direcionado à “Música Orquestral Brasileira” que permitisse aos jovens interpretes (instrumentistas e regentes) do país, conhecer e apreciar a música dos compositores brasileiros? No entanto, o absurdo dos absurdos é constatar que o projeto diz reverenciar um autor brasileiro – José Antonio Rezende de Almeida Prado – sem, no entanto, apresentar nenhuma obra do talentoso e inesquecível compositor santista. Isso, para mim, configura um acinte à memória do artista e a todos os compositores brasileiros. Tenho a certeza, absoluta, que já estou sendo criticado, pois, no Brasil, aquele que propugna por maior visibilidade para os seus artistas é acoimado de xenófobo, enquanto o estrangeiro é patriota. Mas, não pensem que este foi o único caso da semana, não, a TV Cultura de São Paulo, apresentou no final da semana, um belíssimo recital do extraordinário Nelson Freire, gravado no Festival de Verbier (Suíça - 2007) no qual o pianista apresentou obras de Bach, Beethoven, Debussy, Albeniz e Schumann. Vendo isso, como não louvar a atitude do jovem pianista chinês Lang Lang, que ao fazer a sua estréia no Carnegie Hall (NY) apresentou, na primeira parte do programa, obras de: Schumann, Haydn, Schubert e na segunda, vestido a caráter - como chinês que é - obras de seu conterrâneo, Dun Tan, além de uma extraordinária peça folclórica, em duo com seu pai Guo-Ren Lang executando um instrumento típico chinês. Vamos pensar juntos: Sofremos ou não do “complexo de inferioridade”? Vamos, ou não, lutar pela construção da nossa identidade cultural? Manifestem-se os que são do ramo.